quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Chegou o fim de semana!

Vejo o mundo de minha Cela Quadrada: umas queimadas aqui, outras a colá, aquecimento global e a globlo com suas novelas, o futebol para aquecer a lembrança de que ainda tenho um time do coração, uns filmes engraçadinhos e o "caldeirão" de asneiras para me emocionar com alguma história particular.
Pratico exercícios regularmente... Exercito minha incredulidade quanto a política; ergo meu braço direito, com o controle remoto, e o esquerdo com alguma porcaria pronta pra comer, deve ser Sadia, ou melhor super Sadia essa alimentação de gorduras e carboidratos; além, claro de caminhar regularmente no perímetro do quintal com meu cão, Marley, que já é um labrador do interior, assim como seu dono.
Fim de semana é sempre uma coisa engraçada para mim, não só por ser fim de semana, mas porque posso exercitar a ociosidade bruta ao qual só o interior pode fornecer. Não! De maneira alguma isso é uma crítica a Ibitinga, quem disse isso?! Simplesmente as opções são sempre as mesmas, não que me sinta insatisfeito com isso, mas sim pelo fato de que me sinto acostumado com isso, acostumado com uma coisa que há alguns anos atrás seria impossível para mim: Fim de semana sem fazer uns programas interessantes com minha Lidiani, sem cinema, sem teatro, sem concertos, sem jantar em algum lugar bacana, ou ir à noite curtir uma boa musica em algum lugar onde eu e a Lidiani pudéssemos sentar, pedir algo para comer e beber, estando próximos dos amigos, num papo que poderia durar a noite todas sem nem um problema...
Bem, desde quando mudei para o interior o fim de semana parece nunca mudar: Sexta à noite dormir cedo porque estou bem cansado; sábado acordo meio cedo porque ainda estou no ritmo da semana, então acordo, dou comida pro Marley, tomo meu café da manhã, limpo alguma coisa em casa, as vezes vou dar uma volta pelo centro da cidade com minha mulher, e o centro sempre abarrotado de pessoas, de cheiros, de bordado. Aí voltamos para casa e dormimos até à noite, como estamos sempre duros de grana (rs) raramente alugamos um DVD....
O domingo é parecido com o sábado, menos pelo fato de que almoçamos fora....na casa da mãe da Lidiani, que cozinha muito bem! E à noite a musiquinha do fantástico que aterroriza milhões de brasileiros... eis a coisa toda!
Esses dias, eu, acostumado com o ritmo lunático (pela falta de gravidade) do interior, estava imaginando como as coisas por aqui poderiam ser diferentes, sem precisar ser tão grande e estruturado como na capital. É simples: Terminar a obra do teatro municipal de ibitinga; abertura de outros centros culturais pela cidade; escolas melhores que não fizessem os jovens serem "massa de manobra" ou simplesmente gados pelo resto de suas vidas; reabrir o cinema; e novas opções de bares com musicas boas (como as vezes, raramente, aparece no Bombar, que é o único lugar daqui, e está sempre abarrotado de jovens gados); Incentivo pela leitura com sarais na biblioteca municipal, e que essa fosse mais ativa na questão cultural. Pronto...mundo perfeito!
VOLTANDO!... Pra quem iria interessar pessoas mais críticas e mais satisfeitas quanto suas vidas culturais e com mais opções de lazer?? Pra que gastar grana com isso se o pessoal por aqui já é acostumado a não ter nada o que fazer, ou ter que viajar horas para ter um bom lugar para ir? O lance é ser filho de fazendeiro, dono de fábrica de bordado e tecer sempre a mesma vida, o dinheiro fala mais alto, meu irmão... Quem tem grana pode ir morar na capital, ou em outra cidade maior...Menosprezar quem não tem grana então...é o esporte favorito por aqui... o programa de fim de semana de quem tem e de quem não tem grana....Vamos ao posto de gasolina, a balada de Ibitinga: Cuidar da vida alheia... olha a bolsa da fulana que feia!... Você viu que o fulano fez aquilo com ela?... Ai credo, ele é bonito, interessante, mas tem um fusca... ahahahahahahah.... Só rindo pra crer!
Enfim..... é preciso cultura e lazer.... "agente não quer só comida"

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

ELEIÇÕES X ALIENAÇÕES.

Não sou de partido algum, tão pouco sou de ficar fazendo campanha pra qualquer candidato que seja. Minha experiência nesta área é simplesmente de eleitor, não sei se muito consciente, mas creio ter uma visão particular que me singulariza quanto pessoa.
Perdi um pouco o gosto pelo apoio político, partidarismo e estas coisas por muitos fatores, que ao longo de meu caminho de vida foram aparecendo.
A primeira vez que tive um certo contato, que me lembro, com a política foi quando minha mãe apoiou a candidatura de Luiz Inacio Lula da Silva, creio que foi quando este perdeu a eleição para o afamado Collor. Lembro que minha mãe colou panfletos do Lula por toda a casa, toda a rua, toda vizinhança, e que levava muito a sério as propostas de governo do partido dos trabalhadores -Minha mãe sempre foi uma pessoa muito politizada, cientista social e advogada sempre foi batalhadora que acredita em seus ideais, realmente uma pessoa de se admirar, culta, inteligente, sincera, honesta e outros tantos adjetivos que não caberiam aqui. Sempre que tinha debate lá estava ela na frente do televisor sem piscar os olhos, atenta a tudo. Até que, no ultimo debate Lula lança uma bomba na consciência política de minha mãe e creio que de toda classe média que estava empenhada em votar no partido da estrela: "Imagine aquela senhora com seu dinheirinho amassado indo pra feira sem poder comprar tudo o que é necessário para sua vida. Pois bem, em meu governo ela terá direito a comida como todas as outras pessoas!" (até aqui tudo bem, a vibração era grande porque eis uma utopia que vivemos até hoje) "Para que isso ocorra, que come três vezes por dia vai passar a comer duas.." (opa... em casa sempre se comeu muito bem, talvez por isso sejamos meio "cheinhos" até hoje...rs...mas calma aí...o correto não seria que todo comecem 3 vezes ao dia?! Não era desequilibrar a situação, mas deixa-la igual e acessível a todos...) Bom, nesse momento a TV foi desligada...Lembro de minha mãe com uma mangueira na mão jogando água nos cartazes colados na área para que estes se descolassem.
Após alguns anos ingressei na PUC de São Paulo para fazer curso de História, que de fato foi uma grande e interminável estória. Primeiro dia, fui com minha mãe a PUC, onde ela havia estudado ciências sociais na fervilhante década de 70. Ela me mostrou o CACS (centro acadêmico de ciências sociais) e todo aquele prédio antigo que parecia estático na passagem dos anos. Me maravilhei, me encantei e pensei comigo que aquele era o inicio de uma jornada para o sucesso!
Comecei a freqüentar o CACS, e suas reuniões contra o liberalismo, exploração dos trabalhadores, discussões acaloradas das políticas acadêmicas, Comunismo, Anarquismo, e todos os "ismos" imagináveis. Aderi a linha anarquista, lia com voracidade os escritos anarquistas e me encontrava no ideal de que a luta leva à paz e a igualdade!
Certa vez fomos invadir a reitoria (como é praxis aconteces na PUC-SP pelo menos uma vez ao ano hoje em dia). Conseguimos, e exigimos a matricula dos inadimplentes, redução do custo das mensalidade e algumas outras coisas menores. Era necessário fazer daquele prédio nosso dominus, e assim o fizemos. No segundo dia a policia foi chamada, e o presidente do CACS, assim como os membro do CCA (Comissão dos Centros Acadêmicos), foram negociar com a polícia. Algumas horas se passaram, e todos estavam lá dentro da reitoria, firmes, quando voltaram nossos representantes e disseram: "a policia deu 15 minutos antes de invadir aqui pra tirar todos nos no pau e levar todo mundo pra delegacia. O que faremos?" Como assim o que faremos, vamos ficar e lutar, ir pra porrada por nossos ideais, reler em nossos atos os camaradas da década de 70 em meio as bombas no pátio da cruz! Que nada...Depois de 5 minutos só restavam eu e outros dois rapazes...e a policia entrou, olharam para nós: "E aí, vão sair na boa ou vão na porrada pra delegacia, seus marginais?" Merda...Fomos embora... na boa...
Depois de alguns anos reencontrei alguns dos camaradas do CACS... Uns viraram empresários, tomando as empresas do pai, outros foram para a área acadêmica, tornaram-se burocratas...enfim... fomos vencidos pelo sistema... sem conseguirmos ser a negação dentro da afirmação...outro triste desfecho ao que chamo de política... virei musico e fodi com minha faculdade de história...
Depois de alguns muuuuuitos anos cá estou eu... No interior, ouvindo as propostas políticas dos partidos...Horário eleitoral gratuito!
TIRIRICA?! MULHER MAÇÃ?! KLB?! O MOTOBOY COM O CAPACETE EMBAIXO DO BRAÇO?! NETINHO E O LULA PEDINDO VOTOS PRO NETINHO?! Caraca! Alguma coisa errada, com certeza! Estão passando o programa do Gugu, do Faustão ou do Silvio Santos! Mudei de canal. Nossa...então é verdade! A política está cangalhada! E eu que achei que era pegadinha o Tiririca falando: "Pior que tá não fica, vote Tiririca!"... mas é verdade... o pior de tudo é que seja bem provavel que estes caras ganhem na eleição!!! Porque simplesmente todo mundo acha que política é brincadeira, que seria engraçado o tiririca fazendo palhaçada no plenário, ou a mulher maçã rebolando pra resolver o problema da desigualdade social, ou ainda o netinho construindo conjuntos habitacionais e colocando curso profissionalizante ao em vez de lidar com a estrutura da educação, dar uma educação digna em todos os níveis para depois sim se pensar em cursos profissionalizantes... enfim...o menos pior é o Netinho! CARAMBA! Tô pensando no "menos pior".... Nessa hora tive vontade de chorar, pois me passou na cabeça toda minha história como eleitor, o passado de luta que antecedeu minha chegada ao mundo, o rombo da previdência, a robalheira das caixas da seguridade social que viraram indústrias ao em vez de bem estar social para o trabalhador; meus antepassados tendo que colher café, imigrantes, escravos, maquinistas, que lutaram e sofreram pra poder dar um mundo um pouco melhor para os seus que viriam...minha filha vivendo em um mundo de absurdos....meus netos...
Fui discutir política com o pessoal da faculdade (enfermagem)... isso não pode ficar assim...Foi quando ouvi: "Nossa...que pena que o Maluf não se candidatou a nada... eu votaria nele..." Aquela vontade de chorar de novo! Não Aguentei: " Como assim? Você está louca, ou não conhece uma merda sobre o perigo que esse cara representa para os cofres públicos." Falei sobre toda a roubalheira "malufiana" e mesmo assim: "Ah! Não sei. Sempre quis votar nele, desde pequenininha... Votaria sim, porque ele roubou mas fez alguma coisa..." Virei as costas, e de uma forma que nunca faço deixei-a na sombra de sua ignorância....
É necessário educação, educar o povo e manter uma nação com os pés cravados no solo de nossa etnia e nossa história, e a mente no horizonte fitando sempre o infinito conhecendo os limites do chão! Não desanimei, porque ainda podemos criar pessoas mais conscientes, que possam reverberar nossas vozes no futuro. Que nossos filhos tenham um mundo melhor para viver, menos violento, mais igual, com direito a cultura, e que a cultura não seja um fardo, mas que seja bem indivisível, um festa a nossas mentes e lembranças....

COMTEXTOs


Bem, decidi reconfigurar meu blog, afinal, alguns fatos de meu dia-a-dia me fizerem ver além do que havia antes. Passei, então, de um blog puramente acadêmico para um que fosse mais um desabafo do que qualquer outra coisa, afinal, vivemos em um mundo globalizado e "globalizante" em que ficar estático é ter os olhos vendados e boca calada.
Tenho 29 anos, casado, moro no interior de SP (Ibitinga), faço faculdade de enfermagem na UNIP de Araraquara, onde curso o 8° semestre (o ultimo graças a Deus! rs), não trabalho e dependo, ainda, de meus pais para meu sustento. Estou muito feliz por estar esperando minha primeira filha, que experiência louca...ahahahah... estou adorando... sentir os primeiros movimentos na barriga de minha mulher, ter que acordar várias vezes a noite para leva-la ao banheiro, pois devo acender a luz para que ela não tropece em nada; fico com dó da Lidiani, minha mulher, miudinha com aquele barrigão, mulher trabalhadora, severa e doce em sua severidade, com certeza será uma ótima mãe, ou melhor, já é...e eu espero ser tão bom pai quanto o meu foi e ainda é para mim.
O lance da gravidez é mesmo muito doido...inclusive foi uma das coisas que me fez mudar a cara desse blog...imagino: que mundo estamos fazendo para nossos filhos? Cada vez pior em todos os contextos. Marginalização de tudo quanto é de fato importante para a vida humana, sem contar a mesquinheza com que tratamos nossos pares, não há nada mais infeliz que sentir o mundo mudar dentro e fora de si sem poder fazer nada. Sempre a mesma corrupção, descaso com a natureza, as relações humanas cada vez mais embasadas na alienação, o homem virando um produto de ponta de estoque: "Aqui a mulher maçã é só 2 reais!".
Pro fim, este é o contexto que me inspirou para estas lidas; COMTEXTOs de meu coração sub-urbano, minha mente desvairada para o infinito do que eu sempre sonhei para meus filhos e minha vida; um relato de acontecimentos que fazem desaparecer do mundo a ordem orgânica, para fundar o caos que encontramos quando voltamos de nossa viagem ao mundo das maravilhar, onde só é preciso o silencio.