segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Pupi se foi e deixou saudades...

Em silêncio ela dorme, entre as estrela ela descansa nas profundezas de sua eterna ida.
Não se sabe exatamente de onde veio, de que casa, de que cidade, ou ainda seus pais. Não se sabe se era de graça pura ou de pura raça.
Ela chegou junto com a onda dos games de 24 bits, em meio aos sons de lutas, batalhas, super Mario e Sonic rolando na TV. Trocada por uma fita de vídeo game, em uma tarde qualquer em que os sons dos games e o odor do chiclete se confundia em seu coração palpitante por ter arrumado um novo lar, e sabe-se lá se ela havia esquecido o que era um lar.
Chegou sem nome, querendo ser a única no meio daquela numerosa família. Olhou ao seu redor, um barbudo sério lhe sorriu de canto de boca, uma mulher a pegara no colo enquanto três crianças lhe deixaram ainda mais feliz: “vou ter com quem brincar!”. Um menino de cabelo tigelinha, outro, mais velho com os cabelos desgrenhados (dava para ver que ele pretendia deixar o cabelo crescer), uma menina morena, linda e sorridente. Ao longe viu um homem alto e cabeludo, e junto a ele um casal de idosos: “eis aí, minha nova família!”
Foi levada ao quintal onde conheceu sua rival, uma cadela gorda e orelhuda. Brigaram até o fim da vida da gorda orelhuda! Cão é assim mesmo, briga por território...briga por carinho e atenção...
O tempo passou...
Passou muito...19 anos...
A família foi diminuindo e aumentando ao mesmo tempo... Muitos indo para nunca mais voltar, outros de passagem iam a passos lentos, quase que escondidos ou escondendo algo, outros simplesmente foram, e o tempo trouxe filhotes e pessoas novas...
Sentia frio, e tentava virar as páginas de uma vida de luta e brigas por atenção e carinho, agora a luta era se manter viva...Caminhava torta em meio a vultos, e em meio ao silêncio. Não conseguia manter-se em caminho reto, a vida lhe era torta... Vencera derrame, derramou-se em sua idade avançada, caia e se levantava, rodava em caminhos que não podia ver, caia em bueiros para ser resgatada por amigos, tomava chuva por não saber que era chuva, e o barbudo que lhe sorrira de canto de boca, quando chegou, hoje derrubou algumas lágrimas sinceras quando olhou sua vasilha de comida...
Nesta manhã, 25 de abril de 2011, faleceu.
Em silêncio ela dorme, entre as estrela ela descansa nas profundezas de sua eterna ida.
Não se sabe exatamente de onde veio, de que casa, de que cidade, ou ainda seus pais. Não se sabe se era de graça pura ou de pura raça.
Obrigado Puppi por 19 anos conosco, vamos sentir muito sua falta...
Puppi, tentei procurar uma foto sua, e a mais bonita que achei está em meu peito...

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